Moisés, Jesus e Muhammad

O Islã, em sua condição de última e universal religião Divina, ordena a seus seguidores crer em todos os Profetas. Portanto ser muçulmano também significa, por sua vez, ser um discípulo de Jesus, Moises e todos os demais Profetas. O Alcorão declara:
O Mensageiro crê no que lhe foi revelado por seu Senhor e os crentes também. Todos eles crêem em Deus e Seus anjos, Suas escrituras e Seus Mensageiros: “Não fazemos distinção alguma entre nenhum de Seus Mensageiros” e afirmam: “Ouvimos e obedecemos. Concede-nos Teu perdão Senhor nosso.” (2:285)
Como as condições históricas requeriam que as mensagens de todos os Profetas anteriores se limitassem a certas nações e em períodos determinados, enfatizou-se em certos princípios dessas mensagens. Além disso, Deus concedeu favores especiais a cada Profeta e a cada comunidade segundo os ditados da época. Por exemplo, Adão foi favorecido com o conhecimento dos Nomes, a chave que abre todas as ramificações do conhecimento; Noé foi dotado de firmeza e perseverança; Abraão teve a honra de estabelecer uma íntima amizade com Deus além de ser o pai de numerosos Profetas; deu-se a Moises a capacidade de administrar e foi exaltado ao ser o destinatário direto de Deus; e Jesus foi distinguido pela paciência, tolerância e compaixão. Todos os Profetas compartem algumas das louváveis qualidades mencionadas, mas cada um se sobrepõe aos outros numa ou várias daquelas qualidades, devido a sua missão.
Quando Moises foi elevado como Profeta, os israelitas levavam uma existência desgraçada sob o jugo dos Faraós egípcios. Devido ao governo despótico e à opressão dos Faraós, o sentimento de escravidão se havia arraigado nas almas dos israelitas e era uma parte de seu caráter. Para reformá-los, enfeitá-los com nobres sentimentos e valores como a liberdade e a independência, além de reconstruir seu caráter e assim liberá-los da submissão cega ante os Faraós, Moises veio com uma mensagem que continha regras severas e rígidas. Esta é a razão pela qual chamaram ao Livro que lhes foi revelado de a Tora (a Lei). E dado que sua missão requeria que fosse um reformador algo severo e inflexível, tal e qual um educador, era natural para ele rezar referindo-se ao Faraó e seu lugar-tenente :

“Meu Senhor! Destrói suas riquezas e endurece seus corações, porque não vão crer até não verem o doloroso escarmento.” (10:88)

Jesus veio em um momento no qual os israelitas se tinham deixado levar pelo prazer mundano e levavam uma vida materialista. O Alcorão declara:

“Ó crentes! Muitos sacerdotes e ermitãos na falsidade devoram a riqueza da gente e os apartam do Caminho de Deus. Aos que entesouram ouro e prata e não os gastam no Caminho de Deus anuncia-lhes um castigo muito doloroso.” (9:34)

E que essa mesma gente explorou a religião em troca de vantagens mundanas:

“Veras como muitos deles se precipitam ao delito e à transgressão e como consomem o ilícito. Que mal é aquilo que fazem!Por que não proíbem os mestres e os rabinos que eles pronunciem o pecado e consumam o ilícito? Que mal é o que fazem!” (5:62-63)

Os Evangelhos relatam um parecer similar atribuído a Jesus:

“Geração de víboras! Como vós podeis falar do bom, sendo maus? Porque da abundancia do coração a boca fala. O homem bom, do bom tesouro do coração retira coisas boas; e o homem mau, do mal tesouro retira coisas más.” (Matheus 12:34-35)

Então falou Jesus à gente e a seus discípulos dizendo: “Na cátedra de Moises se sentam os escribas e os fariseus. Sendo assim, tudo aquilo que vos digam que guardeis, guardai e fazei; porém, não fazei conforme suas obras, já que dizem e não fazem. Porque atam cargas pesadas e difíceis de levar, colocando estas sobre os ombros dos homens, mas eles nem com um dedo querem removê-las. Antes, fazem todas suas obras para ser vistos pelos homens, pois alargam suas filatelias e estendem as franjas de seus mantos e amam os primeiros assentos nos jantares, as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças e que os homens os chamem: ‘ Mestre!’. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!, porque dizimais a menta, o inibido e o cominho, deixando de lado o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé . Isto era necessário se fazer, sem deixar de fazer aquilo.” (Matheus 23)
Quando Jesus foi enviado aos israelitas, o espírito da Religião Verdadeira tinha ficado no nada e a mesma religião tinha sido reduzida a um dispositivo para que seus partidários roubassem a as pessoas. Muito antes de que tivesse efeito a Lei, Jesus se concentrou na crença, na justiça, na piedade, na humildade, na paz, no amor, no arrependimento pelos pecados, na petição do perdão a Deus, na ajuda aos demais, na pureza do coração, na intenção e na sinceridade:

“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem- aventurados os que choram, porque eles receberão consolo.

Bem-aventurados os mansos, porque eles receberão a terra como herança.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Bem- aventurados os de coração puro, porque eles serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que padecem perseguição por causa da justiça, porque deles é o

Reino dos Céus”. (Matheus, 5:3-8)

O Profeta Muhammad tem todas as qualidades mencionadas anteriormente, com exceção de ser o pai dos Profetas. Além disto, devido à universalidade de sua missão se parece a Moisés (em ser alguém que adverte, estabelece uma Lei e luta contra seus inimigos) e a Jesus (em trazer boas noticias que pregavam a piedade, o perdão, a ajuda aos demais, o altruísmo, a humildade, a sinceridade, a pureza nas intenções e os
valores morais do mais alto grau). Ele recorda que o Alcorão declara que Deus enviou ao Profeta Muhammad como uma misericórdia para toda a criação.
O Islã apresenta a Deus, por cima de todos Seus Atributos e Nomes, como o Todo- Misericordioso e o Todo-Compassivo. Fazendo-se isso se indica que Ele manifesta-se, principalmente, como o Todo-Misericordioso e o Todo-Compassivo, e que Sua ira e castigo se mostram tão só ao serem atraídas pelos próprios pecados imperdoáveis e a maldade do indivíduo. Mas Deus, o Indulgente, perdoa a maioria dos pecados de seus Servos:

“Qualquer dor que os aflija é a causa do que procuraram suas mãos, porém Ele concede o perdão para a maioria deles.” (Alcorão, 42:30)

O Profeta Muhammad teve a missão de Moisés e de Jesus. Abu Bakr e Omar lhe propuseram idéias opostas sobre o como tratar aos cativos depois da Batalha de Badr. O Profeta comparou a Abu Bakr com Jesus e a Omar com Moisés, já que o primeiro propôs liberá-los e o outro matá-los. Como o Islã deve prevalecer até o Dia do Juízo Final, pode haver ocasiões nas que se requer de seus seguidores atuar segundo as circunstancias, às vezes como Moisés e outras vezes como Jesus.

Que é um Milagre?

Um milagre é definido como um acontecimento extraordinário que não seria possível sob condições normais e que é realizado por Deus através dos Profetas que Ele enviou como Seus Representantes para confirmar sua veracidade. Os Profetas possuem a fraqueza humana, Deus possui o poder. Um milagre demonstra que o Mensageiro não atua sozinho e que o Criador está com ele. Neste sentido, os milagres são um traço comum em quase todos os Profetas. Por isso, somente um Profeta pode levar a cabo um milagre. O motivo dos milagres é permitir à gente dirigir-se ao caminho reto com maior facilidade e, assim, conseguir a salvação eterna.
O fim daqueles que foram testemunhas de um milagre mas não o aceitaram como tal, mesmo que tivessem exigido que se levasse a cabo dito milagre, -sempre foi a decepção-; sofreram um desastre um após outro. Ao mencionar aos primeiros Profetas e tribos, o Alcorão oferece muitos exemplos acerca disso. Em outras palavras, um milagre é uma prova importante pela qual os espíritos de ouro se purificam de pó, terra e barro.
Contudo, um milagre nunca ocorreu de um modo tal que fizesse o livre arbítrio de uma pessoa ser capturado pela força nem tampouco que alguém seja obrigado a acreditar. Sempre se deseja que a gente que se encontra com um milagre use seu livre arbítrio para avaliar o acontecimento miraculoso e chegue a uma conclusão própria; no campo religioso, a responsabilidade somente aparece quando está unida à inteligência e ao
livre arbítrio. Se estes não existem, como as demais criaturas, então não pode haver nenhuma responsabilidade por nossos atos. Sob um ponto de vista diferente, se um milagre ocorresse de uma maneira clara e visível como, por exemplo, que seja escrito nas estrelas ‘Deus existe’, a vontade humana seria totalmente anulada. Nesta situação, a diferença no que a qualidade se refere entre as pessoas que parecem diamantes e as pessoas que são como o carvão não seria aparente, e os seres humanos se converteriam em viajantes numa senda obrigatória, como o são as criaturas restantes.
Portanto, pode-se dizer que o objetivo principal dos milagres é proporcionar uma prova tangível na hora de convidar as pessoas a acreditarem, apresentando algo aceitável e deixar a seu livre arbítrio aceitar ou rejeitar e seguir na sua incredulidade. Mas ainda há mais com relação aos milagres; Deus indica, com os milagres, os limites do conhecimento e a tecnologia que o gênero humano pode alcançar. A diferença entre um milagre e os avanços tecnológico-científicos é que, enquanto os Profetas são capazes de realizar milagres sem instrumentos ou tecnologia, as pessoas simples e normais podem ter sucesso em atos similares somente com ajuda do material e a tecnologia que eles produziram.

As Características Comuns dos Profetas

Cada pessoa eleita que foi enviada com uma missão sagrada, como a de salvar à humanidade da escuridão e levá-la para a luz, foi apoiada com fenômenos como os milagres e com uma mensagem para quem o milagre foi dirigido.. Muitos corações se renderam à atmosfera iluminada da crença, ainda quando muitos outros morreram nos braços da privação eterna tão somente por desprezar a crença numa benção tão importante. Dirigindo-se à inteligência e à vontade humana, o Alcorão menciona com freqüência muitos milagres realizados pelos Profetas. Como não seria possível mencionar a todos eles num só artigo, eu gostaria de relatar alguns deles para esboçar uma idéia sobre alguns destes milagres, e depois continuar tratando o assunto principal dos Milagres de Jesus.
Os milagres de cada Profeta estavam relacionados com as habilidades e destrezas das pessoas daquela época. Como a magia tinha a maior importância nos tempos de Moisés, seus milagres pelo geral tomaram forma mediante a eliminação do que os feiticeiros tinham criado, além de mostrar uma destreza ainda maior. Devido à popularidade da medicina nos tempos de Jesus, seus milagres normalmente estavam relacionados com o conhecimento desta. Sendo assim, os profetas estabeleceram uma superioridade importante sobre aqueles aos que foram dirigidos, e falando uma língua compreensível foram capazes de chamar a atenção e de fazer com que suas vozes se ouvissem com mais facilidade.
Quando os milagres são vistos desde a perspectiva de ampliar os limites da ciência e a tecnologia, o fato de que Salomão montara sobre o vento e cobrisse a distancia que
levaria um mês de viagem no tempo que há entre a manha e a tarde colocou de manifesto que as grandes distancias poderiam ser atravessadas utilizando o vento. Considerando este milagre a posterior, podemos apreciar que este nos demonstrou como os humanos poderiam ser capazes de utilizar a benção do vento e, inclusive, podemos dizer que nos indicou como no futuro poderíamos aproveitá-lo em embarcações e artilugios aeroespaciais (por exemplo: aviões, foguetes e outros meios de transporte) e, por conseguinte, a possibilidade de viajar a grandes distâncias em muito pouco tempo. Ao mesmo tempo, Moisés fazendo brotar água ao balear na terra com sua bengala demonstra que os seres humanos podem alcançar muitos tesouros que Deus ocultou sob eles na crosta terrestre. A mensagem principal por trás de todos estes milagres anima aos humanos a aprender pelos exemplos práticos dos profetas e produzir resultados avaliando nossa herança do conhecimento e utilizando nossa inteligência.
As revelações que Deus enviou não eram dirigidas a um único objetivo, posto que as palavras estavam carregadas com uma ampla variedade de significados. Segundo isto, cada acontecimento em Suas afirmações tem muitos aspectos e é preciso que o resto das pessoas perceba isso. O objetivo principal das declarações divinas é que as pessoas dos dias de hoje decifrem a linguagem dos milagres e saiba como utilizar sua mensagem pelo bem da ciência e a tecnologia.

Os Milagres De Jesus

Jesus, a paz e as benções sejam com ele, era um profeta e, segundo os ensinamentos corânicos, ocupa um lugar especial ante os olhos de Deus. É um dos 5 grandes profetas chamados “mestres com determinação”. Se avaliamos sua pessoa no que se refere à geografia e a estrutura étnica, social e política na qual ele viveu e as pessoas a qual foi enviado, veremos que enfrentou gente que dava preferência ao materialismo e não acreditavam em nada mais daquilo que podia ser visto; além daqueles persistentes, obstinados e intransigentes em suas idéias tribais. Tais condições demonstram sua grandeza. O povo naturalmente esperava um milagre. De fato, muito mais do que ser esperado, o Alcorão revela os desejos do povo e menciona como pressionavam a Jesus para que realizasse um milagre. Se formos observar desde esta perspectiva, há muitos acontecimentos extraordinários que Jesus realizou. Entre seus maiores milagres pode-se mencionar a ressurreição dos mortos, cura da cegueira e da lepra, inspiração da vida em um pássaro feito de argila, informação de fatos ocorridos nas casas das pessoas e a descida de um banquete vindo do Céu.

Milagres antes de seu Apostolado

Na realidade, a vida de Jesus é quase um milagre desde seu início até seu final: ter nascido de um espírito tão puro como o de Maria, que se havia consagrado ao templo; converter-se para uma existência física tratando-se de um espírito procedente de Deus,
mesmo não tendo pai; falar no berço; ascender aos Céus no meio da gente. Além disso, as boas novas com relação a sua missão profética foram dadas antes dele ter nascido e seu nome foi posto por Deus antes de seu nascimento. Mesmo assim, como estes presságios ocorreram antes que sua missão como mensageiro começasse, são considerados fora do Reino dos Milagres em sentido geral, sendo vistos antes como sinais que indicam seu lugar e importância ante Deus. Por qualquer razão, o resultado final é que um acontecimento extraordinário ocorreu em circunstancias nas quais não haveria sido possível que acontecesse desse modo. İsto torna necessário que se preste uma atenção enfocada de forma diferente com relação a Jesus.
Sua concepção e nascimento representam um começo na historia humana. Criando a Adão sem mãe nem pai, Deus criou também, com o transcorrer do tempo, a Jesus sem um pai e terminou demonstrando esta mudança em sua criação como um signo para todos os seres humanos. O verso corânico relacionado com isto chama nossa atenção para sua criação:

“Jesus ante Deus é como Adão: criando-o de barro, depois lhe disse: Sê! E foi. Esta é a verdade que procede de teu Senhor, não sejas dos que duvidam.” (3:59-60)

Este ‘verso’ explica que quando o poder de Deus é um assunto de consideração, outras causas permanecem em silêncio e a pena do poder prevalece. Por isso, um dos nomes de Jesus no Alcorão é “ruhullah” (o espírito de Deus).
No mesmo momento em que nasceu, quando o povo começou a acusar a Maria, Jesus falou e exonerou a sua mãe pura, Maria; e enquanto ainda estava no berço, foi delineada a missão profética que mais tarde lhe seria outorgada por seu Senhor. Os seguintes versos mencionam as boas novas sobre o nascimento de Jesus:

“No berço e sendo um homem maturo, falará ap povo e será dos justos.” (3:46)

“Disse: Eu sou um servo de Deus. Ele me deu o Livro e me fez profeta. E abençoa-me onde quer que esteja e encomendou-me a oração e a purificação enquanto viva. E ser bondoso com minha mãe, não me fez insolente nem rebelde. A paz esteja sobre mim o dia em que nasci e no dia de minha morte e no dia em que for devolvido à vida (outra vez)”. (19:30-33)

“Esse (era) Jesus, o filho de Maria, a afirmação da Verdade sobre o qual duvidam.”

(19:34)
O Alcorão tem a última palavra sobre os debates acerca da pessoa de Jesus. Enfatiza a inocência de sua mãe e também indica que Jesus, quem ainda era um bebê, seria um profeta no futuro, convidando as pessoas à salvação.
Se analisarmos com calma o ‘xis’ da questão, para uma sociedade composta de gente que não entendia mais nada que o materialismo e estava fechada no lado da espiritualidade. A concepção de Jesus como o espírito de Deus e os acontecimentos extraordinários que rodearam seu nascimento devem ter sido a primeira forte
impressão em nome da verdade divina à que seriam convidadas no futuro. Hoje, tal e qual um tratamento de eletro-choque é necessário no tratamento de certas enfermidades; às vezes os acontecimentos extraordinários são necessários na sociedade para que esta se libere do fanatismo e para fazer voltar as convicções gerais à direção desejada. Assim, a atmosfera foi suavizada preparando-se para os milagres que Jesus realizaria mais tarde na sua missão, e uma base com os principais fundamentos esteve preparada para que se cumpram os desejos de Deus para que
haja compreensão por parte da sociedade.

Milagres depois de seu Apostolado

Os milagres de Jesus não foram limitados somente a seu nascimento. Muito pelo contrario, depois de ter começado sua vida com um milagre, Jesus continuou levando a cabo muitos milagres como prova de sua missão profética. Alguns dos milagres que lhe foram outorgados são mencionados no Alcorão, como no seguinte trecho quando os anjos lhe falam a Maria sobre Jesus:
Deus ensinará para este recém nascido a Escritura, a sabedoria, o conhecimento correto e benéfico, o Tora e o Evangelho que lhe será revelado.
Deus enviou a Jesus como Seu mensageiro aos israelitas, mostrando a veracidade de sua mensagem com milagres que Deus lhe concedeu: “..moldando a forma de um pássaro de barro e logo assoprando-o, dando-lhe vida e movimento pela vontade de Deus; Jesus curava, com o poder de Deus, aos que tinham nascido cegos e os fazia ver; sarava aos leprosos deixando-os sem marca e, finalmente, ressuscitava aos mortos. Tudo isso foi feito com a permissão e a vontade de Deus. Também costumava dizer aos israelitas o que guardavam em suas casas; e sempre lhes advertiu que se tratava de sinais que Deus lhe conferia como prova de que sua mensagem era verdadeira para que o sigam e acreditem nele. E foi enviado a vós, confirmando a Lei do Tora, -lhes dizia Jesus- e para torná-los lícitos, por ordem de Deus, algo que lhes foi vedado antes. Trouxe para vós um Sinal do verdadeiro de minha mensagem. Por isso, temei a Deus e obedecei-me; verdadeiramente Deus é vosso Senhor e meu. Adorai-lhe a Ele exclusivamente! Na verdade, esta é a senda reta.” (3:48-51)
Como se entende, estas palavras pertencem aos anjos e foram pronunciadas antes que os fatos ocorressem. Descrevendo a posição de Jesus, mencionam os milagres que ocorreriam através dEle e recitam passagens do diálogo entre Ele e a tribo.
Ademais de enfatizar-se o mesmo assunto, outro verso relata o que aconteceu a Jesus a partir do primeiro dia:
Então Deus dirá: “Ó Jesus, recorda Minha benção sobre ti e sobre tua mãe quando te fortaleci com o Espírito Santo para que falasses aos homens estando no berço e na maturidade. Recorda que eu te ensinei o Livro e a Sabedoria, a Lei e o Evangelho. E recorda que com Minha permissão fazias uma figura de passaro de barro e depois lhe assopravas e este se tornava um pássaro com Minha permissão, e curavas aos cegos de nascimento e aos leprosos com Minha permissão. E recorda que ressuscitavas aos mortos com Minha permissão. E recorda que te protegi (da violência) dos Israelitas quando lhes demonstrastes as Provas Claras e os não crentes entre eles disseram:

‘İsto não é mais que magia evidente’.” (5:110)

Outro dos milagres de Jesus é o festim que lhe proporcionou a sua gente quando quis comer o alimento do Céu. Este acontecimento se relata no Alcorão:

“E quando disseram os apóstolos: “Ó Jesus, filho de Maria! Pode teu Senhor fazer descender do Céu uma mesa servida com viandas para nós?” Disse Jesus: “Temei a Deus se fores crentes”.

Disseram: “Queremos comer dela e satisfazer nossos corações e saber que nos falaste a verdade e ser daqueles que dão testemunho disso”.
Jesus disse-lhe, o filho de Maria : “Deus, Senhor nosso! Faz descer uma mesa servida procedente do Céu, que seja uma celebração desde o primeiro até o último de nós assim como um sinal procedente de Ti; e provemos, pois Tu és o melhor dos que provêem nossas necessidades”.
Deus disse-lhe:“Certamente farei descender do Céu uma mesa, mas quem renegue nossas mercês após tê-la contemplado saiba que lhe castigarei com severidade como jamais castiguei a ninguém, porque reneguei depois de haver-se evidenciado a prova de fé que propôs”. (5:112-115)
Jesus foi feito superior a partir do principio com atos extraordinários e reforçado por Deus com estes milagres. No verso seguinte, Deus indica que isto era o tempo, o momento adequado para que o povo reconheça os valores que Jesus trouxe e se renda ante eles:
“Enviamos-vos a Moisés e lhe provemos da Tora, e depois dele enviamos vários Mensageiros: Jesus, o filho de Maria, entre eles, a quem reafirmamos com os milagres e auxiliamos com o Espírito Santo, que é Gabriel, o fiel Mensageiro da Revelação; e quando chegava a vós algum de tais Mensageiros vos consideráveis que sua missão não concordava com vossas apetências espúrias, vos negáveis vossos ouvidos e, ensoberbecidos, rejeitáveis segui-lo e, assim, alguns Mensageiros vos desmentíeis enquanto outros vos assassináveis”. (2:87)
Aqui se entende que cada ordem apoiada por Deus requer uma obediência absoluta e, ao mesmo tempo, que não devemos apartar-nos do caminho reto por causa das dúvidas levantadas por nossos egos e Satã.
Normalmente sempre há gente que prefere tomar uma atitude reacionária com relação a todos os profetas e permanecer fechado às novidades. Tais viajantes no caminho da escuridão classificam cada extraordinário milagre que vêem como magia. Não pensam nada diferente acerca de Jesus nem dos fatos que ocorreram mais que o fizeram com os milagres prévios. A resposta de Jesus a isto não era diferente à dos primeiros profetas. Com a satisfação de ter conseguido sua missão sem nenhuma falta, como cada profeta antes, Jesus disse:
“E verdadeiramente Deus é vosso Senhor e o meu; adorai à Ele assim. Este é um caminho reto”. (19:36)
Dizendo isso deixou a todo mundo em solidão para que continuasse seu livre arbítrio. İsto era necessário, como depois disto, os que quiseram vir assim desejaram; capazes seriam de encontrar o caminho reto e ganhar a salvação, enquanto os que preferiram a escuridão seriam sacrificados por seus próprios egos. É possível resumir os milagres de Jesus como segue, segundo a ordem pela que aparecem no Alcorão:
1. Ressuscitar aos mortos.
2. Insuflar a vida para um pássaro feito de barro.
3. Devolver-lhes a visão aos cegos.
4. Curar a lepra.
5. Informar sobre aquilo que passava no interior dos lares.
6. Haver sido fortalecido pelo Espírito Santo.
7. Descender dos Céus um banquete.
Entre os milagres de Jesus, os que chamavam mais a atenção da gente eram os relacionados com a área da medicina. Durante seu tempo havia progressos importantes nesta área e as pessoas freqüentemente os defrontavam. Por esta razão, seus milagres de cura que sararam muitas doenças naquela época, conquistaram a atenção de autoridades médicas, sobretudo porque Ele não tinha sido educado neste campo e não tinha nenhum tipo de material médico. Todos concordaram em que seus resultados tinham sido obtidos através da intervenção da ajuda divina.
Como falamos aqui, os milagres não só contêm certas mensagens para aqueles que testemunham o acontecimento, senão também demonstram muitas coisas aos que
virão depois. Quando o enfocamos desde esta perspectiva, Deus está dizendo muitas coisas à gente de hoje através dos milagres realizados por Jesus. A primeira vista, a mensagem mais obvia é que é possível dar movimento com energia a muitas coisas que percebemos como inanimadas; os problemas oftalmológicos e cada tipo de doença cutânea se podem curar, embora ainda hoje não tenhamos achado a cura até agora. Todos estes são assuntos importantes aos quais a medicina deve se dirigir hoje; há um remédio para cada doença. Um dos trabalhos mais importantes dos peritos na área da medicina é achar remédios da farmácia do Universo.
Se considerarmos o banquete que descendeu do céu e a maneira pela qual o povo se beneficiou das benções divinas neste banquete, podemos entender que há muitas benções ocultas no Céu e que a missão do homem, que foi abençoado com a inteligência e o bom juízo, é a investigação de tudo isso.
Se pudermos bater as portas da piedade na língua da ciência e da tecnologia, à luz deste milagre de Jesus, pode ser possível para o homem alcançar muitos banquetes cheios de benções mais além deste mundo.

A despedida de Jesus

Como seu nascimento, a despedida de Jesus dentre os seres humanos foi outro milagre. Deus não abandonou a Jesus nas mãos dos que queriam matá-lo e, nas palavras do Alcorão, foi elevado para o céu com outro milagre, havendo sido tirado dentre os seres humanos a outra dimensão da vida. Segundo o Alcorão:“... que disseram: ‘Nós matamos o Messias, o filho de Maria, o Mensageiro de Deus’. Mas, embora assim o acreditassem, não o mataram nem o crucificaram. E os que discrepam sobre ele, têm dúvidas e não têm nenhum conhecimento do que passou, seguindo apenas conjeturas. Pois, com toda certeza, não o mataram. Ao contrario, Deus o elevou para Si, Deus é Poderoso e Sábio”. (4:157-158)
Este detalhe pode ser achado em outro versículo explicando este assunto:
Deus disse: “Jesus! Cumprirei com teu tempo; não deixarei que ninguém te mate. Elevar-te-ei até Minha glória, salvando-te assim dos que desejam te assassinar. E farei de teus seguidores, os que não se desviaram da tua religião, vencedores sobre os que não seguiram teu guia até o Dia do Juízo Final. Logo tereis todos vós o vosso destino na outra Vida, e ali julgarei entre vós em tudo aquilo que disputáveis sobre religião. E aos rebeldes renegados lhes farei experimentar a humilhação e o sofrimento, pois as distintas nações os humilharam nesta vida. Na outra, lhes irá pior e haverá mais humilhação. Não há quem os salve do castigo de Deus”. (3:55-56)
Como pode observar-se, a vida de Jesus, que estava cheia de milagres, mudou de dimensão com mais outro milagre e foi honrado com a imortalidade. Além disso,
algumas narrações sobre sua volta, próxima ao Dia do Juízo Final para chamar a gente à verdade, são mais uma vez as provas de que esta classe de milagres irá continuar no
futuro.

O Fim do Tempo e Jesus

Os fidedignos livros de Tradição (hadiss) contêm muitos ditos do Profeta Muhammad que declaram que Jesus voltará a este mundo antes do final dos tempos e cumprirá a Lei Islâmica. Embora tais Tradições tenham sido interpretadas de maneiras diferentes, estas podem ser interpretadas como o significado de que, antes do final dos tempos, o Islã deve manifestar-se a si próprio quase completamente na dimensão representada por Jesus. Em outras palavras, os aspectos principais de sua missão profética devem ser ressaltados na pregação do Islã. Estes aspectos são os seguintes:
Jesus sempre viajava. Ele nunca permaneceu em um único lugar, mas sim pregou sua mensagem enquanto viajava. Aqueles que pregam o Islã devem viajar ou emigrar.
A particularidade daqueles que entregaram suas pessoas em troca do Paraíso, é a daqueles que se arrependem de seus erros ante Deus, lhe dirigem seus louvores, procuram fazer o bem para eles próprios e seus próximos, observam suas orações cumprindo-as com humildade, recomendam o bem como o estipula a Lei de Deus, proíbem todo mal vedado pela religião, e se aderem à lei de Deus. Para eles há boas novas. (9:112)
A piedade, o amor e o perdão tiveram um lugar proeminente com Jesus. Ele trouxe boas noticias. Portanto, aqueles que se dedicam à causa do Islã devem enfatizar estas características e recordar sempre que o Profeta Muhammad foi enviado como misericórdia para todos os mundos e toda a existência, devem transmitir as boas noticias para todos os lugares, bem como chamar as pessoas para o caminho de Deus com sabedoria e exortação justas. Eles nunca devem repelir aos demais.
Hoje em dia o mundo precisa da paz muito mais que em qualquer outro momento da historia. A maioria de nossos problemas surge devido a uma excessiva sofisticação mundana, ao materialismo cientifico e à exploração implacável da natureza. Todo mundo fala tanto acerca do perigo da guerra e a contaminação do meio ambiente ao ponto que paz e ecologia são as palavras que mais se pronunciam ultimamente na mídia. Mas esta mesma gente deseja eliminar estes problemas através da conquista suplementaria e a dominação da natureza.
O problema estriba-se na rebelião contra o Céu e na destruição do equilíbrio entre a humanidade e a natureza. Esta condição é um resultado do conceito do materialismo e uma atitude corrupta contra a humanidade e a natureza. À maioria da gente custa-lhes perceber que a paz dentro das sociedades humanas e com a natureza só é possível através da paz com a ordem espiritual.
No Alcorão, Jesus se apresenta do modo que segue a continuação:
“Sou na verdade um servo de Deus... Ele me tornou abençoado onde quer que esteja e me encomendou a oração e a purificação enquanto for vivo. E me fez obediente a minha mãe, não me tornando opressivo nem malvado”. (19:31-32)
Do ponto de vista da prometida missão messiânica de Jesus, isto significa que as crianças não obedeceram a seus pais. Por isso, aqueles que entendem o Islã em nossa época devem se esforçar por mostrar o respeito que corresponde a seus pais e à gente mais velha, além de realizar suas orações corretamente e ajudar aos pobres e necessitados. O Alcorão impõe:“Teu Senhor ordenou que somente adorásseis a Ele e que sejais amáveis com vossos pais. Se um deles ou ambos atingirem a velhice convosco, não lhes reproveis qualquer coisa que poderiam fazer, expressando teu mal- estar e tua reprovação; pelo contrário, dirige-lhes palavras afetuosas, suaves e carinhosas, expressando-lhes tua veneração por eles”. (17:23)
Um dos milagres de Jesus era curar as doenças e ressuscitar aos mortos com a permissão de Deus. Em outras palavras, o respeito à vida era muito importante na sua mensagem. O Alcorão dá o mesmo grau de importância à vida:“Uma pessoa que mata outra pessoa equivocadamente se lhe considera como que matou a humanidade por completo; e quem salva uma vida é como se tivesse salvado à humanidade”. (5:32)
Aqueles dedicados à causa do Islã devem outorgar suprema importância à vida e tratar de prevenir as guerras, encontrar remédios para as doenças, além de saber que ressuscitar espiritualmente alguém é mais importante que curar as doenças. O Alcorão declara:“Ó crentes!. Obedeçam a Deus e ao Mensageiro, quando este vos convida ao que vos dá a vida”. (8:24)
Quase todas as religiões mencionam um salvador final no futuro que dirigirá aos seres humanos novamente rumo ao caminho reto. Há algumas narrações nos hadiss do Profeta Muhammad nos que se refere como Jesus regressará outra vez lá pelos fins dos tempos e sairá vitorioso diante da idéia do ateísmo.
Fazendo-se comentários sobre estas narrações e declarando-se autênticos, Bediüzzaman Said Nursi falou: “Apenas uma pessoa maravilhosa e miraculosa, com estimados seguidores, será capaz de matar e mudar o chamado do Anticristo*, quem
se protegerá com atos de magia, magnetismo e espiritualismo, além de encantar todo mundo. Essa pessoa é Jesus”.
A segunda vinda de Jesus está certamente dentro do reino da possibilidade, tomando em conta o poder de Deus, mas não deveria ser esquecido também que tais classes de narrações podem tratar-se de caráter metafórico; e, na melhor das hipóteses, o que está implicado aqui pode ser a idéia de eliminação do ateísmo em troca da vitória da fé a ser experimentada. Deste modo o caminho de Jesus e o caminho do Espírito da Verdade serão um só e a humanidade, conhecendo de novo a bondade, a beleza, a paz e a alegria, viverá uma vida impregnada pela fé.
É verdade que os profetas são como crianças do mesmo pai e mãe. Todos seus valores são compartidos; seu Senhor é um; sua direção é uma; seu objetivo é único. O mundo está na necessidade, mais do que nunca, de sua mensagem: uma mensagem que deve ser apresentada pela gente cujo objetivo e a fé.

Nota Final:

Anticristo, o ‘Dajal’, significa aquele que mostra a falsidade como sendo a verdade e a verdade como sendo a falsidade. Há narrações nas que um sentido pervertido da idéia de fé estará ativo até o fm dos tempos. Neste sentido, o término ‘Anticristo’ pode significar uma pessoa ou pessoas opostas à fé e aqueles que atuam conforme o sentimento deturpado da fé. Quando o assunto da morte do Anticristo por Jesus é visto a este respeito pode ser entendido que Jesus, representado pela fé, eliminará ao Anticristo, representado pela falsidade e os pensamentos pertencentes a nossa sociedade. Em uma dimensão onde não existem corpos físicos, tal acontecimento pode ser visto como que ambos lados representam uma personalidade espiritual; tornando- se possível uma avaliação inserida no marco da fé e a falsidade.